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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Amelie e o Papai Noel

Sabe, eu me considero uma mulher corajosa. Mas se existe algo que me tira do prumo é encontrar uma barata. Esses seres têm o dom de me deixar apavorada. Eu tremo, suo frio e preciso fazer uma força hercúlea para matar uma dessas bichinhas.

A Amelie também é muito corajosa.  Sobe sozinha em escorregadores altos, anda em muros e nunca demonstrou medo de barata. Mas se existe algo que a tire do prumo é encontrar com o Papai Noel. Ela treme, sua frio e precisa fazer uma força hercúlea para se aproximar do bom velhinho. Ano passado ela só topou dar um oi (sem abraço pra foto, claro) porque viu que ganharia uma bala em troca do ato corajoso. 

Esse ano assistimos juntos o filme "A Origem dos Guardiões" (que, aliás, é um dos filmes mais fofos dos últimos tempos). A figura de um Papai Noel todo tatuado, meio hipster e que não está sempre encapotado deixou minha princesa mais confortável. Logo ela começou a falar que o pavor de Papai Noel havia ido embora. E os pedidos para ver o bom velhinho, dar-lhe um abraço apertado e, claro, ganhar outra bala, começaram a ficar bem mais frequentes. 

Ontem eu tive que ir ao mercado. O que fica mais próximo de casa tem um shopping acoplado e a pequena já sabia que haveria um Papai Noel por lá. Ela fez questão de se arrumar: colocou blusa e sapatilhas novas, a tiara preferida do momento (tem um laço vermelho de minie enooorme) e lá fomos nós duas (os meninos ficaram em casa, com a vó). 

Mas, por mais que eu diga: da próxima vez eu mato essa barata - quando elas aparecem eu travo. E foi o que aconteceu com a pequena. Bastou entrarmos na fila para que ela começasse a tremer e a reclamar do frio na barriga. Me agarrou, começou a chorar e eu dei meia volta. Porém, enquanto colocávamos a compra no carrinho, ela ficou falando que já tinha se acostumado com a ideia de vê-lo e queria voltar pra fila.

Pois bem. Guardei as compras no carro e seguimos rumo à 2ª tentativa do dia. E o pavor, claro, voltou. Mas dessa vez resolvi encarar o chororô e fiz ela enfrentar o medo. Ela ficou no meu colo, chorando e tremendo. E, enquanto eu tentava acalmá-la, fiquei rezando para que o Papai Noel fosse bacana. E foi. Um dos mais bacanas que eu já encontrei.

Ele viu que ela estava apavorada. E, embora a fila estivesse enorme, ele conversou com a Amelie durante longos 5 minutos. Disse que lembrava dela. Elogiou a roupa e a tiara. Perguntou sobre a escola, o que ela gostava de comer, se tinha sido obediente, o que gostaria de ganhar de Natal. E a pequena respondeu à todas as perguntas, com a voz trêmula. Ao final, ele ofereceu uma bala e disse que a amava muuuuito. E, em agradecimento, Amelie deu um abraço forte naquele Papai Noel - que deixou minha filha RADIANTE nas horas que sucederam o encontro. 

Não sei se o pavor dela vai passar. Mas tenho aqui minha desconfiança se o senhor que estava sentado naquela poltrona não era realmente o Papai Noel. Quem disse que ele não traz felicidade? 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Eu quero pão

Os 14 dias sem industrializados se passaram. Não consegui seguir à risca a dieta e acabei ingerindo trigo nos últimos dias. Não sei se é porque estou amamentando dois (eles estão em Leite materno em livre demanda e só. tema para outro post) e acabei não inserindo uma quantidade suficiente de calorias para poder me sustentar em pé, mas por dois dias passei muito mal, com uma enxaqueca enlouquecedora. E, achando que era fome, acabei fazendo pão para poder dar um up nos meus lanchinhos.O lado bom da dieta é que eu aprendi novas receitas e jeitos diferentes de cozinhar a mesma coisa. 

E o Antônio? Ainda está instável, infelizmente. Fica, no máximo, 2 dias sem apresentar sangue nas fezes e depois volta tudo de novo - mesmo eu só tendo inserido o trigo dos novos industrializados. Anteontem comi um biscoitinho de polvilho feito com ovo. Pequeno teve cólicas, ficou choroso e o sangue aumentou. Uma caca.

Passei a última semana colhendo novos exames e estamos torcendo para que os resultados tragam alguma luz, pois a pediatra cogitou a possibilidade de interromper a amamentação  do pequeno e ficarmos apenas no leite artificial. Existe a possibilidade (remota, é verdade) de que o pequeno não consiga metabolizar a proteína do MEU leite. E aí não tem jeito... Enfim, não quero sofrer por antecipação e, na próxima consulta pretendo discutir todas as possibilidades de tratamento. Se precisar, corto o glúten. Corto o que tiver de cortar da minha alimentação para que eles fiquem no leite materno. 

Davi está ótimo. Não apresenta nenhum sintoma que possamos o considerar alérgico - inclusive com os exames negativados. Mas independentemente de qualquer coisa, ambos estão crescendo, gordinhos. Já estão dormindo melhor e, às vezes, dão estirões de 6 horas durante a noite. Raramente choram ou reclamam de cólica. Já estão dando risada. Reconhecem minha voz ao longe e estão começando a identificar diferentes ambientes.  É uma delícia viver cada fase desenvolvimento deles.

A trabalheira por aqui é gigantesca, especialmente agora que eu preciso cozinhar absolutamente tudo o que é consumido em casa. E o lado ruim disso tudo é exatamente isso: ficar em casa.  Sofri tanto durante a gestação com o repouso que não via a hora deles nascerem para que eu pudesse sair pra tomar um café,  encontrar amigos, passear. E, agora, eu não consigo sair com tranquilidade. E eu tenho sofrido muito. Mas este também é tema para outro post - que prometo escrever durante o dia, sem sono e com uma construção textual um pouco mais coerente que esta. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Desafio: 14 dias sem industrializados

Meu pequeno Antônio ainda não estabilizou e o sangue continua visitando suas fraldas - mesmo com todo cuidado que tenho tido no preparo da comida. Então, ontem fomos até a médica novamente e resolvemos ser ainda mais radicais na minha dieta: preciso ficar 14 dias sem industrializados numa tentativa de cicatrizar a mucosa dele e descobrir se é realmente o leite que tem feito mal.

As únicas coisas permitidas são: Arroz, feijão, aveia, sal, açúcar e macarrão (de marcas cujos SACs garantem a "limpeza" do produto). Fora isso, carne (de frango e porco), frutas, legumes e verdura. Os temperos precisam ser naturais. A médica mesmo falou: isso vai ser um desafio, mas vai valer a pena.

Então, por quê não transformar o peso da obrigação em algo um pouco mais divertido? Minha ideia é compartilhar minhas refeições no meu perfil do Instagram e mostrar que é possível ficar sem industrializados sem morrer de fome, sem ter muito trabalho e sem enlouquecer por ficar sem chocolate.   As postagens iniciam hoje! :)

Vou tentar ser o mais variada possível nas preparações e espero inspirar aqueles que querem largar o junk food para ter uma vida mais saudável. Acho que desse jeito vou ter mais força para seguir a deita sem deslizes e com o apoio de vocês!

Me adicionem por lá! E quem quiser tentar o desafio também é só usar a hashtag #14diasnatural. Vou adorar se mais gente resolver tentar!

Ah! E quem quiser saber mais sobre APLV, o fantástico trará uma reportagem sobre o assunto no domingo. Não deixem de assistir!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Nossa nova rotina


Nos últimos dias eu tenho engolido toda e qualquer informação que eu consiga obter sobre a Alergia à Proteína do Leite de Vaca. A pediatra dos meninos me indicou um site bem bacana e fui acolhida em um grupo de mães APLV no Facebook (a elas, toda minha admiração) que tem me salvado com as dúvidas mais pontuais.  
E aí que, com toda essa pesquisa, descobri que a incidência  dessa é relativamente alta: 6% das crianças possuem APLV. E eu não fazia ideia do impacto que essa condição causa na dinâmica social de uma família. Como? Vem que eu te explico:
A APLV é uma doença de difícil diagnóstico. Os sintomas podem, facilmente, ser confundidos com alguma virose ou até mesmo intolerância – o que explica a confusão que as pessoas fazem entre APLV e intolerância a Lactose. Já aproveito para explicar que são duas coisas diferentes. A IL é causada por uma deficiência enzimática do organismo: o corpo apresenta dificuldade em processar a Lactose (que é o açúcar do leite). A reposição artificial da enzima ou a exclusão da dieta ajudam a diminuir o desconforto digestivo causado por sua ingestão. Já a APLV é uma reação imunológica do corpo. Em bebês, a imaturidade do sistema digestivo faz com que as proteínas do leite sejam absorvidas, do intestino para o sangue, sem que tenham sido digeridas adequadamente, desencadeando uma reação do organismo contra elas. E as reações podem ser gastrointestinais, epiteliais e respiratórias. Nos casos de sensibilização mais sérios, o menor contato com a substância pode levar à anafilaxia com edema de glote – que, caso não seja revertido a tempo, pode levar à morte. O negócio é sério, minha gente.
Por isso, tive de tirar todo e qualquer alimento com leite e derivados da minha dieta. E, como a proteína não é como uma bactéria (ferveu, morreu), tive de eliminar qualquer possibilidade de contaminação da minha cozinha. Ou seja, me desfiz de todos os utensílios de plástico ou silicone e lavei tudo o que havia de vidro e inox com sabão, água quente e desinfetante.

A pequena ainda consome o leitinho dela, mas com algumas restrições: Não pode mais tomar na sala – tem que ser na caminha dela – e, para não correr risco de uma contaminação cruzada na cozinha, montei uma “pia” no tanque da área – com detergente, esponja e escorredores exclusivos.

Além disso, antes de consumir qualquer alimento industrializado, preciso me certificar de que ele não compartilhe o maquinário com outro que contenha leite. Como é que eu sei disso? Preciso ficar ligando para os SACs das empresas. Mais de uma vez, em dias alternados, até ter certeza de que recebi a informação correta.
E isso é uma bosta, porque a indústria não é obrigada a informar sobre a presença de alérgenos nas embalagens (algumas empresas fazem, como a Nestlé).
O controle também se estende aos cosméticos – perfumes, maquiagens, shampoos, sabonetes, fraldas, lencinhos umedecidos etc. Tive de olhar o rótulo de TUDO para me certificar que eles não estejam recebendo a proteína de outras maneiras.
E aí eu volto ao começo do meu texto. A APLV mexeu com toda minha estrutura familiar. Precisamos ficar numa vigilância constante. Não sairei para almoçar ou jantar em um restaurante tão cedo. Visitar parentes significa levar uma mega marmita a tira colo para não correr o risco de ingerir algo que vá prejudicar os pequenos.
Se você achar que estou exagerando, volte à parte grifada, em negrito. Releia quantas vezes for necessário para entender os riscos da APLV. Sempre que eu fico em dúvida, eu penso nisso e prefiro não arriscar.

sábado, 4 de outubro de 2014

Antônio sensibilizado

Se você tem filho sabe o quanto é importante ver um cocô saudável ao abrir a fralda. Aliás,  quase toda mãe é capaz de discutir a coloração das fezes dos filhos enquanto toma café da manhã.  Não fique com nojo.  É realmente natural, acredite.

Eu não sou diferente e, há alguns dias percebi o cocô do Antônio estava mais avermelhado.  Comentei com a minha mãe e disse que estava preocupada. Porém,  aparentemente tinha sido algo pontual,  já que a evacuação dele havia voltado ao tom amarelado característico de bebês que mamam no seio. 

Mas na sexta-feira, ao abrir a fralda,  Antônio pregou daquelas peças em mim e fez um cocô fresquinho. E eu vi sangue. Fiquei gelada. Liguei pra pediatra, que não podia me atender na hora. Fiquei esperando a ligação dela com o coração na mão e rezando pra que não fosse nada demais.

Me segurei pra não jogar a informação no Google,  mas foi maior que eu. Pra minha surpresa, não achei nada muito trágico (o que normalmente acontece). Porém, um dos diagnósticos mais prováveis era a Alergia a Proteína do Leite de Vaca (APLV), suspeita que a pediatra também compartilhou e me mandou suspender leite e derivados da minha dieta, além de substituirmos o complemento do Antônio.  Vejam, APLV é diferente da intolerância à lactose. Aqui o negócio é alérgico mesmo. Explico:

Dependendo do grau de sensibilidade do pequeno,  o contato com o mínimo de leite ou seus derivados pode levá-lo a um choque anafilático.  Por isso, agora,  eu preciso ficar de olho no rótulo de tudo o que eu comer até confirmarmos o diagnóstico.  Não posso ingerir nada que contenha traços de leite, ou seja, se o maquinario de algum produto sem leite for compartilhado na fabricação de outro com leite, já não posso consumir.

Vou precisar substituir meus potes,  separar as coisas dele na cozinha e orientar todo mundo que vier nos visitar sobre os perigos do contato com leite. Além disso, há a suspeita de alergia à amendoim e castanhas em geral. 

A pediatra pediu uma série de exames (inclusive pro Davi, que não apresentou sintomas mas precisa ser investigado), vou tentar passar numa gastro ainda essa semana e vamos aguardar pelo diagnóstico mais acertado.  Enquanto isso,  estou lendo muita coisa sobre o assunto e, prometo, que este não será o primeiro post sobre APLV.

Porque só ter gêmeos tava fácil.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

1 mês dos meus machinhos.

No último dia 28, os meninos completaram 1 mês de vida. E, embora a experiência da maternidade não seja nova para mim, cada criança reserva uma porção de ensinamentos. E ter dois bebês em casa é, certamente, um aprendizado e tanto!

A primeira lição é que eles nasceram com o chip da escatologia descarada do cromossomo Y. Primeiro, que eles mijam. Sim, não tem nada de delicado na forma como escolhem em eliminar os líquidos do pequeno corpinho: a pistolinha, embora pequena, tem pontaria certeira e gosta de agir nos momentos mais inoportunos possíveis: basta tirar a fralda (especialmente durante a madrugada) para que ela projete um jato de urina em qualquer direção.  Com sorte, não acertam minha cara. Não sei dizer quantas vezes eu já lavei os lençóis do berço. (Não se iludam,  o trocador não serve de nada). 

Eles também peidam. E muito. Não posso dizer que eles têm gases. Há uma ogiva nuclear dentro do corpinho deles que trabalha dia e noite sem parar. O barulho é alto e, às vezes, fede. Como pode se eles só tomam leite? Até o pai (que obviamente também tem o chip da escatologia descarada, como qualquer macho por aí) se espanta com a sinfonia. 

Mas agora eu entendo o porquê desse chip não ser desativado com o tempo: mães têm orgulho até desse tipo de coisa. E a cada peido, uma comemoração. Cada jato de xixi na cara, uma risada.  Enfim,  as reações são sempre positivas,  mesmo se a bufinha for fedida. Futuras noras, me desculpem: mea culpa.

Eles também são esganados. Tanto Antônio quanto Davi já passaram mal de tanto mamar. Já tinham me falado que meninos tendem a ser mais gulosos, mas eu realmente não tinha ideia do quanto! Pelo menos satisfarei meu desejo em ter bebês gordinhos, com dobrinhas no joelho. ♥

Eles são bem calmos. Quando suas ogivas estão trabalhando demais os dias (ou as noites) são mais agitadas e a mamãe aqui costuma ficar meio esverdeada no dia seguinte. O máximo de intervalo entre uma mamada e outra ainda é de 3 horas e, agora, eles não curtem muito mamar juntos. Então, eu tenho dado o peito para um de cada vez. Eu achei que ficaria mais cansada, mas eles têm ficado mais calmos. Além disso, desse jeito eu tenho a chance de ficar um pouco mais com cada um no colo sem sentir culpa (que é um mega assunto para outro post).

Não sei quanto eles estão pesando agora, mas Antônio certamente já passou dos 4kg e Davi o segue de perto. E eu? Não sei quanto já perdi no total. Na primeira semana eu já tinha perdido 15kg dos 13 que eu ganhei. Não sei se perdi mais até porque eu estou comendo como uma maluca. Sinto uma fome absurda e como mesmo, sem dó. (afinal, alguma coisa precisa compensar minha barriga de damasco - de acordo com a Amelie - e os peitos meio caídos).  


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Gravidez sem álcool: nem uma gotinha

Eu preciso confessar que, durante a gravidez dos meninos, eu tomei uma ou outra cerveja. Um copo, não mais que isso. Por isso fiquei chocada em saber que não há limite seguro para ingestão de álcool durante a gravidez. Um golinho pode desencadear uma doença sem cura: A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Os bebês que nascem com a doença podem apresentar alterações  na face, em órgãos do corpo, podem nascer com peso abaixo do normal e ter retardo mental. Além disso, têm problemas de aprendizagem, memória, fala, audição, atenção e alterações de comportamento, que se mostram principalmente na idade escolar e no relacionamento com outras pessoas. 

Por isso achei super importante ajudar na divulgação da campanha #gravidezsemálcoolNeste domingo, dia 28/09, haverá uma caminhada em prol da causa no Parque Villa Lobos, a partir das 11h. A intenção é alertar famílias de todo país sobre a seriedade da SAF. 

Infelizmente, não poderei ir. Mas acredito que posso fazer minha parte alertando minha rede de relacionamento sobre o perigo da ingestão de álcool durante a gestação. Tenho certeza de que, assim como eu, muita gente não tem conhecimento dessa doença. Para saber mais, acesse o site da campanha: www.gravidezsemalcool.org.br




A campanha é da Sociedade de Pediatria de São Paulo, com apoio especial da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP) e institucional da Marjan Farma.  Também conta com parceria da Sociedade Brasileira de Pediatria, Associação Paulista de Medicina e da Associação Brasileira das Mulheres Médicas-Seção São Paulo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Quando a fonte seca

Passei a gravidez inteira me gabando do sutiã 52 que passei a usar para acomodar os seios fartos que se preparavam para virar tetas. Sim, tetas, dessas que produzem uma porrada de leite e alimentam filhotes mamíferos. Pô, imagina quanto leite cabe numa teta tamanho 52?

Davi, o primeiro a nascer, também teve o privilégio de produzir as rachaduras e as dores necessárias para dar início à amamentação exclusiva que eu tanto planejei.

Na primeira consulta do pequeno ao pediatra, a mãe tetuda ficou feliz. O pequeno bezerro havia engordado 30gr por dia. Excelente,  disse a pediatra. Mas aí chegou meu outro bezerro e as tetas da reprodudora aqui secaram igual ao sistema cantareira. E não tinha como fazer rodízio.

Só que, assim como o governo paulista, me neguei a acreditar que a fonte tinha secado. O chororô todo só podia ser de cólica!

Na consulta ao pediatra, a verdade nua e crua. Eles só haviam ganhado 8gr por dia. Uma quantidade insuficiente para deixá-los fofos e gordinhos e saudáveis e alimentados e felizes. 

E foi então que o monstro da fórmula entrou na minha vida. Sempre achei que as mães que ofereciam leite artificial para recém nascidos eram preguiçosas,  frouxas e outros tantos adjetivos pejorativos e preconceituosos que puder enumerar. E, como a maternidade vem mesmo pra derrubar todos os preconceitos,  eu era a preguiçosa,  frouxa - mas tetuda - da vez. Que preconceito bobo, minha gente.

E agora eu me pego pensando: o que importa uma teta tamanho 52 meio seca e murcha quando meus meninos estão mais bochechudos.  E saudáveis.  E fofinhos. E felizes? ♥♥
Da esquerda pra direita: Davi e Antônio.

UPDATE: Eles continuam mamando no peito, mas é que eu realmente não dou conta. Ontem, esperei o peito encher e tirei o leite pra saber quanto realmente eu estava produzindo. Esperava uns 15 ml, no máximo. Mas pra minha surpresa, tirei quase 80 ml de cada peito. Ou seja, os meninos estão mamando esses 80 ml mais, em média, 60 ml de leite artificial cada um!!!! Daqui uns dois meses eles estarão comendo uma feijuca ou enchendo a pança de churrasco! hahahahahahahahah

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Parindo 2

A última semana se gravidez foi desesperadora. Tive uma crise de sinusite no domingo e, se eu já não estava respirando, sobrevivi apenas com um sopro de ar.
Por isso,  recebi com grande alívio a notícia de que marcaríamos a cesarea para quinta (28/08). Eu sei que queria esperar o parto normal. Mas, de verdade,  eu estava sofrendo demais. Achava que teria um troço a qualquer momento.

O parto foi um dos primeiros do dia e a cirurgia começou às 6 horas da manhã.  Minha altura uterina chegou a 50cm e até mesmo a equipe ficou impressionada que eu ainda estava caminhando quase que normalmente.

Tentei manter a calma, mas realmente estava bastante nervosa. Davi nasceu às 6h18, com 48cm e 2,885kg. Às 6h19, Antônio sugiu com 48,5cm e 3,1kg. Um tourinho. Nem preciso dizer que quase morri de chorar quando vi minhas lindezas.

Depois da sala de recuperação, fui para o quarto na esperança de receber meus pequenos em pouco tempo. Mas aí veio a notícia: ambos nasceram bem, mas começaram a ficar muito cansados e tiveram de ir para a uti. Eu já tinha ouvido essa história antes.

Não pude deixar de pensar em todo sacrifício que fiz para que isso não se repetisse de jeito algum. O máximo do egoísmo,  eu sei.  Mas não tinha mais o que fazer. Tentei aparentar calma, mas eu estava com muito medo. Não sabia o que esperar.

Ambos tiveram um desconforto respiratório.  Davi ficou apenas 1 dia e meio na UTI E depois veio para o quarto. Antônio demorou um pouco mais para se dar conta que tinha de começar a respirar.  Foram 8 dias de UTI, o que significa que ele ficou pra trás no dia da minha alta.

Sair do hospital com um bebê na mão e outro ainda internado não fpi nada fácil.  Mesmo que eu quisesse me controlar, as lágrima caíam sem parar.

Fui para o hospital todos os dias até a alta do pequeno. Fiz questão de amamentá-lo pelo menos uma vez ao dia. E foi uma das melhores coisas que eu fiz. Antônio saiu bem.do hospital e é a calma em pessoa.  Davi é bravo, mais agitado - o oposto do comportamento que demonstravam dentro da minha barriga.

Nos próximos posts conto como estou dando conta de 3. ;)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Diário de bordo - #SEMANA36

Finalmente chegamos aos improváveis 9 meses de gestação.  Ouvi tantas histórias sobre nascimento prematuro em gestação gemelar que, sinceramente,  não considerava chegar tão longe. Mas aqui estamos nós,  firmes e fortes como geleia.

Terça feira passei com o obstetra, fiz ultrassom e vimos que está tudo lindo com os meus pequenos touros: cada um está pesando quase 3 kg cada. Porém,  minhas chances de parto normal diminuíram: não sei como, Davi (que estava quase encaixando) resolveu sentar.  E assim está,  com a cabeça embaixo das minhas costelas e os pés na minha virilha.

Como estamos saudáveis,  o médico pediu para segurarmos mais uma semana. Não vou negar que, pra mim, está sendo um esforço homérico. Essa última semana está bastante sofrida: minha vontade é ficar o tempo todo deitada. A dor na virilha é algo surreal (a recuperação de uma cesariana não é nada perto disso aqui).

Sair na rua é divertido. TODO MUNDO fica me olhando e algumas pessoas me param e perguntam, assustados: Quantos são???

A barriga está tão grande que, na terça, quando fui fazer o ultrassom no hospital,  até uma médica pediu pra olhar minha barriga.  Uma obstetra.

Agora estou na contagem mais do que regressiva.  Espero que o próximo relato seja do parto. Aí conto pra vocês se meu quadril sobreviveu.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Diário de bordo - 35 semanas

Hoje completo 35 semanas de gestação, ou seja, estou a uma semana de chegar aos 9 meses de gravidez gemelar. Simmmm, é uma vitória e tanto, mas preciso dizer que os últimos dias foram MUITO difíceis. 

Tive muitas dores, não consigo ficar em pé por mais de 5 minutos e as noites têm sido agitadas. Isso porquê essa é a hora em que os meninos acordam e não param de se mexer. Como estão grandes, eles acabam "excitando" o útero, que começa a contrair loucamente. E dói. MUITO.
De terça para quarta-feira acordei às 3 horas da manhã com contrações irregulares. Elas começaram a ritmar às 6h40, vieram a cada 10 minutos até às 9h. De tarde fui ao médico e pronto: outro alarme falso. 

Passei o resto do dia um caco, desejando que eles tivessem nascido. Eu sei que o melhor pra eles é esperar mais um pouco. Eu sei.  Mas sou humana, estou sofrendo e tenho pensamentos egoístas (e vc aí achando que eu era de outro planeta).

Ontem, uma amiga muito querida deu uma ótima definição pra essa fase: os 100m finais de uma maratona. Não são só 100 metros. É a maratona+ansiedade+cansaço+100 metros. Só preciso colocar na cabeça que, se eu aguentei até aqui, eu consigo percorrer os últimos passos. 

Graças a Deus tenho meus pais e meus sogros para me ajudar. De verdade, não sei o que seria de mim se não fossem eles.  Todo dia alguém passa em cada pra me dar uma mão (um braço,  um pé,  uma coluna. ..) e serei eternamente agradecida por isso. ♥

Também não posso reclamar do apoio que tenho dos amigos.  A cada mensagem que recebo, meu coração fica quentinho e eu tenho certeza de que estou rodeada pelas pessoas certas. 

Agora é a contagem regressiva. Com muita fé,  força e coragem,  eu sei que vou superar todas essas dificuldades finais. E, em breve, estarei exibindo minha barrigona flácida para esfregar na cara da sociedade: sou mãe de 3 com orgulho.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Diário de bordo - Semana34

#Semana34
238 dias grávida
43 cm de altura uterina
11 kg a mais na balança
2 meninos lindos na barriga
uma felicidade que não cabe no coração


Hoje completo 34 semanas de gravidez gemelar tremendamente saudável. Eu posso estar me sentindo um caco, mas o fato é que eu não tive um problema de saúde sequer. 
Estou gerando dois touros: Davi chegou aos 2,4kg e Antônio 2,6kg. É provável que nasçam gordinhos, como se estivessem numa gravidez única. (aí eu me pergunto o que faremos com o tanto de roupinha RN que temos no armário! hahahahah)

Confesso que estou cada dia mais cansada. Meus quadris doem muito (nem vou comentar sobre minha virilha), mas me sinto muito mais tranquila. A sensação é de que eu sobrevivi a um redomoinho de ansiedade devorador de mães e agora estou curtindo a calmaria de um oceano límpido, de águas transparentes. Não me importo mais que as coisas não estejam prontas: elas vão se ajeitar. E daí que o berço não está montado? Que as prateleiras do quarto ainda não estão prontas? Que eu ainda não consegui vender os móveis do quarto da pequena e que eles estão todos na minha sala? (aliás, se alguém tiver interesse em ter um quarto totalmente cor de rosa, é um negócio e tanto, hein?)

A única coisa que ainda me incomoda profundamente é o fato de que eu não consigo sair de casa. Sinto falta de passear pela cidade e fazer coisas que gosto: ir aos Sescs, dar uma volta na Benedito Calixto, visitar os amigos, parar num boteco com comidinhas gostosas (e tomar uma boa cerveja).  Tenho me poupado para as visitas semanais ao obstetra e aos laboratórios para os últimos exames. 

Ontem foi dia de consulta com meu querido médico. Não temos nada marcado e nossa ideia é ultrapassar uma semana por vez. Por ter uma cesária anterior e estar numa gestação gemelar, minha chance de um parto por via vaginal é de apenas 10%. Mas meu médico não quer desperdiçar essa possibilidade. Mesmo que a opção seja pela cesárea, ele acha que é muito mais saudável que eu entre em trabalho de parto. E eu estou bem feliz com isso!

E a minha pequena moça Amelie? Ela está cada dia mais fantástica. Já desenha os irmãos, brinca com eles na barriga e tem sido uma companhia incrível. Sou suspeita, mas acho minha filha o máximo e sou tremendamente apaixonada por ela. E eu que achava que não havia nascido pra ser mãe... (a vida dá nó na gente, meu povo). 

Sim, esta é uma barriga pornograficamente grande.









quarta-feira, 30 de julho de 2014

O nascimento da irmã mais velha

"Ah, tadinha. Vai perder o trono quando os dois meninos chegarem"

Assim que eu ouvi isso sendo dito para a minha pequena, olhei para ela e, com toda calma, disse:

- Ih filha. Explica que lá em casa só tem um banheiro e que ninguém vai perder privada nenhuma. Vai ficar congestionado, mas eu separo uma horinha pra você fazer seu xixi.

Ela deu risada, repetiu exatamente o que eu havia dito e a pessoa que soltou a pérola sem noção deu um sorriso sem graça. Não sei se ela entendeu o recado, mas eu não pude ficar quieta. 

Para mim, um dos maiores desafios dessa segunda gravidez têm sido preparar a Amelie para a chegada dos irmãos. Serão dois, de uma vez. O fato de serem meninos facilita um pouco as coisas -afinal, não vai ter ninguém pra disputar os laços, vestidos e batons com ela. Mas, até agora, ela sempre foi o centro das atenções e, por mais que a gente se esforce, ela vai perder a atenção exclusiva que vem recebendo nos últimos 4 anos. 

Até agora, ela tem sido bastante compreensiva quanto à chegada dos meninos. E eu tenho feito algumas coisas pra que esta transição seja o mais suave possível:
  • Todo dia reforço a independência dela e é impressionante o quanto ela se desprendeu de mim nesses últimos meses. Faz questão de ajudar nas tarefas de casa e arrumar as coisinhas dela. E ela tem se sentido muito importante com isso;
  • Deixei que ela assistisse a programas dedicados à chegada de bebês ao mundo. Daqueles que mostram o parto, o bebê recém-nascido, os primeiros cuidados. Não fiz para chocá-la, mas para que ela entenda todo o processo da chegada dos irmãos;
  • Ela também tem me acompanhado às consultas com o obstetra. Normalmente, ela faz perguntas para ele e segura minha mão enquanto ele examina a barriga. ♥
  • É ela que abre todos os presentes que os bebês ganham. No começo foi bem difícil explicar que eles estavam ganhando coisas porque não tinham nada. Agora, ela comemora com a mamãe a cada pacote de fralda que ganhamos e não faz questão de ter presentes também.
  • semana que vem vou arrumar a mala da maternidade (sim, ainda não fiz nada disso). E vou deixar que ela escolha as roupinhas que os irmãos usarão nos primeiros dias de vida. Acho que ela vai ficar feliz.
  • Anteontem ela fez o primeiro desenho dos irmãos. Ela, grande e com todos os detalhes (incluindo pupilas, cílios e zaz) e os irmãos somente como duas cabeças e corpinhos de palito (sem mãos ou pés). Mas já é alguma coisa!
  • Outra coisa é que ela resgatou uma boneca, a Julieta, e tem andado com a "filha" dela pra cima e pra baixo. Tem cuidado dela igual um bebê e eu tenho achado isso bem legal. Ela senta com a gente na hora das refeições, ganha cuidados e carinhos e participa das brincadeiras com a gente;
  • Para o nascimento dos meninos, estamos pensando em comprar um presente de mocinha para ela e dizer que foram os irmãos que mandaram. Acho que pode ser simpático.
Mas, é claro que existem algumas coisas que mostram que ela não está tão confortável assim com esse novo futuro que se desenha. Faz 3 semanas que ela não quer ficar sozinha. Que não vai a lugar algum sozinha, na verdade. Meu apartamento é um ovo e, mesmo eu conseguindo vê-la de qualquer lugar, tenho que acompanhá-la a todo momento. Não sei de onde surgiu esse medo todo. 

Outro dia ela rabiscou uma história em que haviam dois irmãos gêmeos. Rabiscou com força a carinha dos meninos. Não falamos nada. Faz parte não gostar também, não é? 

Enfim, só saberemos como será a reação dela quando os pequenos chegarem em casa! E tá faltando pouco!  

Minha mocinha linda!




quinta-feira, 24 de julho de 2014

Nota da redação: ERRAMOS!

Nunca fui boa com números. Na escola, eu fazia o que os professores chamavam de matemágica: conseguia chegar aos resultados corretos com contas malucas e erros nas operações básicas. A não ser quando o assunto é dinheiro (devo ter sido turca, dona de lojinha na 25 de março em outra encarnação), cálculo definitivamente não é meu forte.

Porque eu tô dizendo isso?? É que ontem descobri que minha gestação está mais avançada do que eu imaginava. Pensei que tinha acabado de iniciar a 31ª semana. Mas não, já estou na 32ª, ou seja, atingi a marca do 8º mês de gravidez (vivas, uhus, IéIé).

Você deve estar pensando: mas como é que uma semana pode fazer tanta diferença assim? Ah, colegas. Numa gestação, faz sim. Uma vez um médico me disse que um dia dentro da barriga são 2 dias longe da UTI. Então, a cada dia que passa é uma comemoração. E estar chegando perto da hora do parto é um motivo ainda mais gritante para que eu me sinta extremamente feliz!

Ontem foi dia de consulta pré-natal. E, embora estejamos otimistas, meu médico deixou bem claro que, a partir de agora, estamos lidando com a mãe natureza e ela pode decidir agir a qualquer momento. A única ajuda médica que ele pôde prover foi uma medicação que ajudará na aceleração do desenvolvimento  dos pulmões dos pequenos. O resto a gente garra na fé e espera que eles sejam preguiçosos!

Minha barriga está absolutamente gigantesca. Até meu médico suspira ao medir a altura uterina (sim, isso existe minha gente, e é, basicamente, a altura da barriga). Só como base de comparação: outro dia achei meu cartão de pré Natal da Amelie e, no dia do parto, minha AU estava em 33cm. Ontem, belos 41 cm explicam as dores nas costas, a falta de ar e a hérnia umbilical que ganhei de presente. Não é o máximo??

Achei que fosse ter engordado uns 4 kg nos últimos 20 dias, já que estou em casa enchendo a pança de bacon comida. Mas a balança tem sido muuuito minha amiga e, até o momento, somente 11kg a mais preenchem essa grávida roliça que vos escreve (#chorarecalque). Se for como no parto da Amelie, esse peso vai embora no dia em que os bebês vierem ao mundo e poderei sair da maternidade usando um dos meus vestidos favoritos. 

Por conta de todo esse prognóstico estou proibida de saracotear por aí: não posso ir ao mercado, feira, shopping, mercadinho ou  a Benedito Calixto comer acarajé. Andar, só em casa. Evitar ao máximo sair de carro e não pegar peso. Basicamente, terei de ficar sentada, comendo e delegando tarefas  (já que tem muita coisa ainda pra organizar). 

E sim: ainda não são nem 6 horas e eu já estou on fire. Ansiedade e insônia só servem para isso mesmo. ;)

terça-feira, 22 de julho de 2014

#31semanas e o primeiro alarme falso

Estou assim:

  • A minha barriga continua crescendo e está enormeJá aceitei o fato de que, no pós parto, ela ficará parecendo uma couve flor.
  • Não consigo apanhar nada que tenha caído no chão - a não ser que eu ajoelhe e tenha a ajuda de um guindaste para levantar;
  • Tenho chorado com comercial de pasta de dente;
  • Sair de casa é um desafio tremendo. Tudo dói, é difícil andar e ficar de pé. Se eu pratico a famosa teimosia e fico fora o dia todo, meu dia seguinte será deitada na cama;
  • Tenho me alimentado bem (com algumas porcarias de vez em quando, é bem verdade). Mas é fato que eu tenho comido bem menos doce e abusado das frutas. Ontem mesmo comi quase 1/4 de melancia (tá, foi um exagero).No começo da gestação a ameixa havia ganhado meu coração. Agora são as mexericas. Oh delícia!
  • Um desafio está sendo superado: aceitar ajuda do mundo.
  • O quarto das crianças está quase pronto. Maridão já pintou, hoje chega a cama nova. Ainda falta coisa pra burro, mas percebam que o otimismo tomou conta de mim;
  • Preciso de um corte de cabelo, manicure e pedicure urgente;
  •  Toda aquela história de que grávida não sente frio foi por água abaixo. Eu não consigo ficar sem meias no pé e um casaquinho para proteger as costas;
Além dessas coisinhas, sábado tivemos o primeiro alarme falso. Maridão estava pintando o quarto dos pequenos, Amelie estava com a avó e eu passei o dia bordando os bastidores que enfeitarão a porta do quarto da maternidade. Eu acordei meio zuada, com uma azia ferrada, dor de barriga, indisposta. 
A partir das 18h, eu comecei a sentir contrações um pouco mais fortes. Comecei a anotar para ver a frequência com que estavam acontecendo e pronto: elas estavam vindo a cada 10 minutos. 
Pratiquei um pouco de teimosia e só liguei pro meu médico às 21h30. Já estava toda dolorida e apavorada. Depois de uma conversa com meu obstetra e uma orientação que acabou não surtindo resultados, ele achou melhor que eu fosse pro Pronto Socorro. Eu fiquei GELADA. Fui o caminho todo rezando para que eu não estivesse dilatando, conversando com eles na tentativa de convencê-los a ficar mais um pouco dentro da barriga. 

Depois de uma madrugada e muitos exames, alarme falso constatado e liberação do médico. 

De lá pra cá, senti poucas contrações. Mas também não estou abusando. Ainda temos muitas semanas pela frente!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

#30SEMANAS

Chegamos à trigésima semana, ao contrário da previsão de muita gente sem noção neste mundo. (É incrível como sempre tem alguém pra me dizer que os meninos nascerão prematuros, que eu não vou aguentar uma gestação gemelar até o final e zaz trás.) Ainda falta muito (30 semanas é o equivalente a 7 meses e meio de gestação), mas a torcida é para fiquem aqui no quentinho até pelo menos a 37ª semana. #oremos

Eu finalmente tirei o pé do acelerador (até porque, fisicamente, é impossível fazer algumas coisas). E não é que está tudo andando? O quarto não está pronto ainda, acho que mais duas semanas já teremos um vislumbre de como as coisas vão ficar. \o/

Ando completamente avoada. Tenho deixado as coisas cair no chão com mais frequência do que gostaria e é uma merda, porque na maioria das vezes não consigo pegar. Por isso mesmo tenho tentado abstrair toda bagunça da minha casa. 

Tenho dias bons e dias esquisitos. Sábado passei o dia tendo contrações de treinamento, que são super desconfortáveis e geram uma pequena tensão. Tenho que ficar marcando o horário de cada uma para saber se elas estão entrando num ritmo cadenciado (e se isso acontecer, toca pro hospital porque pode ser que eu esteja entrando em trabalho de parto). 

As noites têm sido um caso a parte. Faz umas 2 semanas que comecei a ter refluxo noturno: realmente uma delícia. Então, pra ter uma noite de sono razoável, tenho que fazer minha última refeição do dia no máximo 18h - ou então nada de dormir. De ontem pra hoje tentei a sorte, jantei depois das 20h e não preguei o olho. 

Às vezes me bate uma melancolia doída e fico me achando uma mãe de merda: não consigo mais brincar com a Amelie do jeito que eu fazia. Dar banho nela tem sido bastante difícil e quase não conseguimos nos abraçar. Aí eu choro, choro, choro. A frustração não passa, mas pelo menos eu coloco pra fora essa angústia toda.

Mesmo com tudo isso acontecendo, não poderíamos estar mais felizes com a aproximação da chegada dos pequenos. 

E com vocês, a barrigona da semana (sim, essa sou eu, precisando de um dia e meio de sono e um cabeleireiro particular! hahahahaha)




quarta-feira, 2 de julho de 2014

Preparativos

Julho, que parecia estar tão longe, finalmente chegou. Agora, falta "pouco" para a chegada dos meus pequenos.Eu já estou fazendo Home Office já que, por recomendação médica, não posso mais dirigir e preciso evitar ao máximo o uso do transporte coletivo. Trabalhar de casa tem suas vantagens: Eu consigo deitar para esticar a coluna de tempos em tempos, tomar um banho entre um relatório e outro e - o principal - não preciso enfrentar 3 horas de trânsito insano todos os dias (Deus abençoe meu chefe). 

Minha barrigona está gigante. Minha irmã, que ficou mais ou menos 2 semanas sem me ver, quase caiu de costas ao me encontrar hoje. E ela logo queria que eu me sentasse: "pelamordedeus, zi. Que barriga é essa?".
Andar em público também é um desafio. Por onde passo, atraio olhares assustados, da galera que acha que posso expelir uma criança a qualquer movimento brusco. Sem contar a sensualidade, né minha gente? O passinho de uma gestante conquistaria qualquer pato do mundo!!

 E, neste estado, você deve estar pensando: "Ela já deve estar com tudo pronto!"
Não tem nada pronto, minha gente. Nada.

Meu apartamento é lindo, mas bem pequeno. Quando descobrimos que teríamos um bebê a mais (além do havíamos previsto), cogitei fazer um quarto de redes e pendurar todo mundo no teto. Meu marido não achou a ideia tão genial assim e eu parti para a praticidade. Encontrei uma loja incrível, que faz móveis sob medida, e encomendei uma treliche mara com escorregador, que só chega no começo de agosto.

Até lá, eu preciso desmontar um armário trambolhudo que ocupa metade do quarto que destinamos aos pequenos, vender a cama que a Amelie usava até então, comprar a tinta pra pintar o quarto, encomendar o novo armário, mandar fazer as cortinas, separar brinquedos para doação. Resumindo: preciso fazer TODO o quarto.

Ainda não marquei o chá de bebê. Preciso confessar que não me sinto muito confortável em organizar um encontro em que as pessoas são meio que "obrigadas" a trazer um presente. Porém, dessa vez, eu vou precisar de ajuda. São dois bebês. E a quantidade de fralda que precisarei estocar é inacreditável. Outro item da lista a fazer.

Como sou uma pessoa centralizadora que adora ajudar nesse tipo de afazer, eu estava adiando muito coisa na esperança de que eu me sentiria melhor conforme a evolução da gestação (o que aconteceu na gravidez da minha pequena mocinha Amelie). Mas nesta, o desconforto só fez aumentar e eu percebi que eu vou ter que dar o braço a torcer e engolir o orgulho  aceitar toda a ajuda do mundo para dar conta do recado. 

E vamo que vamo que ainda faltam 10 semanas!






segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sinceramente grávida de gêmeos

Hoje chego à 27ª semana de gestação - ou se você se confunde com essa coisa de semanas, estou quase no 7º mês. Falta pouco mas falta muito, saca?

Se você espera um texto todo meloso sobre a gestação, sugiro que feche seu navegador agora, antes que se arrependa. Se quer encarar a sinceridade de uma grávida, puxe uma cadeira e sinta-se à vontade. 

Não tenho o perfil de romantizar a situação toda. Para mim, a realidade é cruel mesmo:  Minha barriga está enorme, não consigo calçar meus sapatos ou cortar as unhas do pé sozinha, tenho olheiras e muitas estrias na barriga, não tenho posição para dormir e/ou sentar, pareço uma pata quando ando, estou com os pés e mãos inchados e já ganhei quase 10 quilos. Mas não é tanto a parte física que me incomoda: o complicado é que essa limitação toda mexe muito com minha cabeça.

Independência para mim sempre foi fundamental. Se eu tiver um desejo e quiser sair às 0h para tomar sorvete, que eu possa fazer isso sozinha, sem depender de ninguém. É um orgulho traiçoeiro porque eu NUNCA dou o braço a torcer. Posso estar atolada de coisas para fazer, mas continuo recusando ajuda. E eu sei que a única prejudicada sou eu, mas gosto dessa liberdade (talvez seja minha parte mais aquariana). 

Nos últimos tempos, tenho tido vontade de chorar  quando derrubo alguma coisa no chão - porque vou precisar de alguém pra pegar pra mim. Não consigo sentar em qualquer sofá - precisa ser alto, com o acento curto. Caso contrário, não levanto sozinha nem a pau.  Em pouquíssimo tempo terei de deixar o carro na garagem e me corta o coração ter de contratar transporte escolar para levar a pequena à escola pela manhã. Essa sensação de que agora eu só sirvo para gestar acaba comigo. ACABA.

Estou trabalhando minha cabeça para aceitar essa condição, que sei que é provisória. Mas confesso que tá difícil, minha gente. 

Enfim, para vocês sentirem um gostinho do barrigón, segue uma pequena comparação: A primeira foto foi tirada em 2010, dois dias antes da Amelie nascer, com 37 semanas de gestação. A segunda foi tirada ontem, a 11 semanas de completar o mesmo período gestacional. PEGA ESSA BARRIGA. 





terça-feira, 27 de maio de 2014

Como os bebês foram parar aí?


Sexo é algo natural e saudável, certo? Quando feito com amor, então, não há o que se discutir, concordam? Então alguém me explica porque foi que eu fiquei paralisada com a fatídica pergunta: "Mamãe, como é que os bebês foram parar aí dentro?"

O questionamento veio de bate pronto. Acho que já fazia alguns dias que ela estava pensando sobre isso e,  como não encontrou nenhuma resposta sozinha, resolveu jogar a batata quente na minha mão. Claro que eu sabia que isso ia acontecer mais dia, menos dia. E eu realmente achei que teria a resposta na ponta da língua! Ledo engano.

Eu travei. "Oi?" Ela repetiu a pergunta e ainda adicionou: "Você não engoliu eles, né?". Bem, não, eu definitivamente não engoli nada. "Pai? Me ajuda nessa??". E o pai - que eu sempre achei que empacaria numa dessas situações - tirou de letra:

"- Ah, filha. Foi papai que colocou eles aí dentro. Eu tinha umas sementinhas, que só funcionam com beijo. Aí eu plantei as sementes e pimba! Eles estão crescendo". E saiu. 

"Ah, entendi. Que nem a gente planta cenoura, né mamãe?" (ela estava com projeto de horta na escola e plantou cenouras. Obrigada, prô!). 

"Isso, filha. Igual a gente planta cenoura". UFA!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Jeans mágico

Ei você, que levanta todas as manhãs e, serelepe, veste aquele jeans que já está meio batido mas lhe cai bem: Dê valor a ele. Lave-o com o melhor sabão em pó do mercado. Escolha o amaciante mais cheiroso. Deixo-o secar à sombra. Passe-o com toda delicadeza. E aproveite todos os benefícios que esta peça mágica pode lhe oferecer!

Desde Janeiro minha pele não experimentava a sensação de encostar em um pedaço deste maravilhoso tecido. Uma porque o calor do último verão foi de matar e eu aproveitei para tirar todos os vestidos do armário. Outra que, assim que descobri que estava grávida, comprei nada menos do 4 leggings pretas iguais achando que todos os meus problemas de vestuário estariam resolvidos até o final da gestação.

Mas amigas, preciso lhes contar com segredo: não é só a barriga que cresce durante a gravidez. O quadril, os seios, e a bunda também aumentam de tamanho de maneira exponencial e, vamos combinar, não tem nada mais degradante do que uma legging preta agarradinha em uma bunda gravídica gorda e flácida.

Num momento de pura iluminação, saí de casa decidida a encontrar uma calça jeans para gestante que me vestisse bem. E eu a encontrei na primeira loja que entrei: lá estava ela, pendurada na arara de alumínio que, para mim, mais parecia um pedestal de mármore com detalhes em ouro. Ela me jogou uma piscadela e prometeu que daria um jeito de disfarçar o tamanho da minha busanfa e devolver a minha então perdida auto-estima. E tudo isso por menos de 90 Dilmas.

Assim que eu a experimentei, minha pele entrou em regozijo e a alegria tomou meu peito de imediato. Pronto. Eu estava de volta à vida normal. 

Desde domingo, o dia que a minha relação com o Jeans foi retomada, as dores da minha coluna diminuíram.  Faz dois dias que consigo esperar o maridão acordada (ele até achou que eu estava numa crise de sonambulismo na segunda-feira). Eu estou me sentindo mais disposta e bem-humorada e nem parece que minha bunda está do tamanho do Amazonas. Tenho certeza de que o Jeans que eu comprei é mágico!!!


quinta-feira, 15 de maio de 2014

21 semanas de gravidez gemelar - devagar e sempre.

Já completei quase dois terços da gestação, já que a grande maioria dos gêmeos nasce por volta da 36ª semana. Mesmo assim, ainda faltam 15 longas semanas para o nascimento dos pequenos e eu estou sentindo cada dia mais as diferenças desta para a minha primeira gestação.

Na gravidez da Amelie, nesta época, eu estava no auge da disposição, saracoteando pela 25 de março e vivendo normalmente sem sentir qualquer impacto físico de estar carregando uma pequena dentro da barriga. Agora minha gente, tudo o que eu faço precisa ser devagar e muito bem pensado - ou então eu fico sem andar no dia seguinte. A sensação de que a bunda vai desatarraxar da coluna persiste e só melhora quando eu deito um pouco. E é uma puta sorte quando melhora. 

No último final de semana  eu estava arrumando os armários para preparar a chegada dos  pequenos. Eu dobrava uma pilha pequena de roupas e tinha que me sentar por 15 minutos. Durante todo o tempo eu reclamava que doía aqui e ali. Parecia uma velha rabugenta, mal humorada. E assim eu fui a tarde toda, devagar e sempre mal humorada. 

Mas, de que adianta eu ficar falando que estou cansada, que não sei até quando vou aguentar e mimimi se eles PRECISAM ficar aqui por mais um tempão? Vou me entregar à pressão de dois pequenos que ainda estão na barriga, não têm cabelo ou dentes, não sabem andar ou falar? NÃOOOOO. Aqui é mulher macho, sim senhor (ninguém pode negar que eu tenho dois pintos, certo?).

Agora quando me perguntam como estou me sentindo apenas digo: fisicamente e temporariamente limitada. E só. E quando insistem em falar da minha olheira, do meu cabelo despenteado e da minha cara de bunda (Quem nunca?) eu sorrio e digo: é meu jeitinho. (Obrigada pelo bordão, Dri!♥ )

Ah! A balança marca 4,5 kg a mais de pura gostosura gravídica e eu tive de aposentar todos os meus sutiãs 46. Rumo ao 52 com muita dignidade. 

Provavelmente esta será a última vez que eu uso essa calça. 






quinta-feira, 8 de maio de 2014

Para me lembrar



Amelie tem feito observações divertidíssimas (e que eu preciso registrar, antes que eu esqueça). 

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Minha sogra teve de realizar uma cirurgia de emergência semana passada para tirar a  vesícula. Amelie ficou impressionada com a quantidade de pequenas pedras que estavam  dentro da avó e fez questão de olhar todos os pontos que ela levou na barriga. No começo da semana, ela chegou em casa me contando que a avó estava melhor:

 - "Sabe mãe, a vovó está bem melhor. Hoje ela foi ao médico para tirar todos os bordados da barriga. Tá uma lindeza só".

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No carro, a caminho da escola:

- Mamãe, o que significam essas placas com um E cortado?
- Elas avisam aos motoristas que é proibido parar perto delas, filha.

Duzentos metros depois, uma fila de carros estava parada bem embaixo de duas placas de proibido estacionar.

- Mãe, acho melhor esses motoristas tirarem os carros dali rapidinho. As placas vão ficar muuuuito bravas! Eles são adultos muito mal educados! 


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terça-feira, 15 de abril de 2014

O trabalho mais difícil do mundo

Aí que nas minhas andanças pela internet eu me deparo com essa ação de dia das mães. Juro que me fez chorar.

O vídeo está em inglês. Mas acredito que seja fácil de entender:

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Entre música e amores

O despertador toca às 5h40 todo santo dia. Eu me permito 10 minutos de preguiça rolante na cama. Depois disso, levanto num pulo e vou: tomar um rápido café da manhã, fazer mamadeira, arrumar uniforme e mala, tomar um banho, acordar a pequena e sair de casa pontualmente às 6h50. 

E aí vem a melhor parte do meu dia: a ida à escola. Eu e a Amelie enfrentamos o trânsito caótico de Sampa ao som de boa música e muitas risadas. Tem jeito melhor de começar o dia?

Funcionamos por fases. Há um mês, Amelie estava viciada na música "Dente por dente", do Hélio Ziskind. Embora eu a tenha ouvido aproximadamente umas 260 vezes, eu me divirto toda vez que a gente canta juntas. Aliás, eu tenho um amor que não cabe em mim pelas composições do Hélio.



Mas a gente não fica só no universo infantil. Amelie está aprendendo a ser eclética e curte ouvir The Doors, sertanejão de raiz, forró e um bom sambinha. Há umas 2 semanas, estamos numa fase Roberta Sá de ser. Eu tenho vontade de morder a pequena toda vez que ela começa a cantar isso aqui:



Pois é. Minha filha canta Chico Buarque. Mas também rebola ao som de Anitta e tá tudo certo.

Esses dias, entre uma cantoria e outra ela pediu:

- Mamãe, você vai comigo num show da Roberta? 
- Claro filha! A mamãe vai ver quando terá show dela aqui em São Paulo, está bem?
- Ai, mãe. Eu PRECISO ver essa mulher cantando.

♥♥♥♥♥♥♥♥ Me diz se não é pra MORRER de amor?

Além disso, a gente aproveita o tempo para melhorar a pronúncia de algumas palavras. E eu me arrependo toda vez de não ligar o gravador para registrar esses momentos. 
Até dias atrás, para a pequena,  orgulhosa=ingulosa. Eu achava a maior fofura vê-la falando assim. Mas daqui a pouco ela entra na fase de alfabetização. Por isso, é muito importante que  saiba pronunciar cada uma das palavras do seu vocabulário.

Mas o treino "orgulhoso" foi tão engraçado (ela não conseguia falar do jeito certo de jeito algum) que passados uns 10 minutos de tentativa ela pediu para a gente parar um pouco porque a barriga dela tava doendo de tanto rir.

Eu passo pouco tempo com a minha pequena, é verdade. Mas o tempo que passamos juntas é o mais divertido e preciso da minha vida. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Entre frutas e hortaliças

Duas perninhas gordinhas balançavam próximo ao peito, apoiadas pelo sling. Outras duas descansavam no carrinho que ela segurava confiante ao entrar no hortifruti. O cabelo arrumado, as olheiras inexistentes, o sorriso alegre e aparentemente descansado passaram por mim como se fosse um feitiço. Não consegui desviar o olhar e a cumprimentei cheia de esperança: Há vida pós-gêmeos afinal.

Segui escolhendo cenouras, batatas, laranjas e tomates, feliz com a perspectiva de um futuro recheado de pernas gordas e sorrisos marotos. Ao chegar à prateleira onde estava o cheiro verde a vi novamente. Dois pares de perninhas gordinhas haviam sumido. MEU DEUS! SERÁ QUE EU FANTASIEI??

Sim, amigos. Eu tive uma alucinação. Não com os dois bebês - eles existiam!! Fantasiei com a possibilidade de estar livre de olheiras, de cabelo arrumado e blusa branca incólume comprando hortaliças pouco tempo após parir. Isso porque ela não estava sozinha: não bastasse a babá a tiracolo, a cozinheira é que empurrava o carrinho repleto de frutas e legumes. Vez ou outra, consultava a mãe sobre as possibilidades para o cardápio da semana.

Pensando bem, a solução para meu futuro não ser de mãe desleixada é bastante simples: triplicar os salários que compõem a renda da família em apenas 4 meses!!! 

Mas só pra garantir: alguém tem algum palpite da Mega pra me mandar?

segunda-feira, 7 de abril de 2014

16 semanas, uma barriga imensa e uma senhora gripe.

Eu sei, eu sei. Reclamar não ajuda em nada. Mas amigos, neste caso, eu preciso fazer um desabafo: não aguento mais estar num estado deplorável a maior parte do tempo. No começo da gestação foram os enjoos terríveis que me derrubaram. Assim que eles foram embora, a dor na coluna e o sono absolutamente arrebatador me faziam virar abóbora logo depois das 18h. E agora, que eu realmente achei que teria toda minha disposição de volta, peguei uma gripe tão forte que eu tenho dúvidas se é só impressão ou se alguém realmente me deu uma porção de chineladas na cara durante a madrugada.

Hoje completo 16 semanas de gestação. A barriga já está enorme. Engordei os primeiros 1,6 kg - em apenas 15 dias (oh baby Lord Jesus, larguemos o bacon). Estou com olheiras lindas, que combinam perfeitamente com meu cardigan preto (se não fosse pela calça verde água que uso hoje, meus colegas de trabalho certamente me alimentariam com bambu). Pelo menos meu cabelo e minha pele estariam ótimos (beijinho no ombro) se eu estivesse usando a escova ou maquiagem com a frequência social adequada para parecer uma lady.

Meu humor está ótimo!!!!! Mentira, tá uma bosta. Me sinto péssima e ao mesmo tempo incrível! O céu está azul, as árvores ainda estão lindas e essa bosta de calor piora meu resfriado. Mas tudo bem, a vida segue eu eu adoraria dormir mais de 7 horas por noite. Daqui uns 5 anos, talvez, esse sonho se realize. Ou não. E quer saber? Tanto faz. Contanto que eu melhore dessa gripe logo, nem me incomodarei com as dificuldades de não conseguir calçar sapatos ou meias sozinha em um futuro bem próximo. 

Ah, as delícias da gestação! 




quarta-feira, 26 de março de 2014

Sobre a nova escola da Amelie

Quem acompanha o blog sabe que eu enfrentei alguns problemas na antiga escola da Amelie. Não concordava com muita coisa e não conseguia encontrar espaço para dialogar com a administração do colégio. Então, no final do ano passado começamos a procura insana por uma escola que pudesse atender às nossas expectativas e não exigissem um rim por mês.

Não sei se foi o destino ou sorte da grande, mas nós conseguimos uma vaga numa escola onde meu marido é professor. Na primeira reunião eu quase chorei de emoção ao ver o material informativo:os valores institucionais são bem parecidos com o que a gente acredita que possam contribuir para o desenvolvimento da pequena, além de um cardápio incrível e um ambiente simples, porém acolhedor. 

Meu único receio era a adaptação. Na primeira escola, Amelie chorou por mais de um mês na entrada. E eu tinha problemas dia sim-dia não para convencê-la de que era preciso levantar  para estudar. Este ano a pequena teria de acordar bem mais cedo e teria um dia puxado.

Mas ela não chorou uma vez sequer. Reclamava da saudade dos amigos, dizendo que queria visitá-los. Isso durou uma semana. Depois, ela já começou a falar que adoraria que os amigos "velhos" fossem para a escola nova dela. Até que, num sábado, tive de aguentar o chororô matinal porque não era dia de aula. BINGO! Adaptação completa.

Mas aí meus queridos, ela ficou a vontade demais. E a professora já me chamou na escola para falar que a Amelie não tem feito as atividades de sala por conversar demais. Nessa, ela puxou a mamãe aqui.

Aí, toca  ter uma conversa séria com a pequena e explicar a necessidade e a importância da escola na vidinha dela. Pronto. Já tá ficando uma mocinha! 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Violência obstétrica

Quando estava na faculdade, fiz uma série de reportagens sobre violência doméstica no Uruguai. Conversei com vítimas, especialistas e na época fiquei bastante impressionada. Não por ouvir relatos das brigas e conhecer mulheres cujas marcas ainda estão presentes e vívidas em um olho roxo ou braço quebrado. O que mais me impressionou foram as marcas psicológicas, dessas difíceis de perceber a primeira vista. Estigmas que não somem com compressas, gesso ou remédio. Sofrimento que, às vezes, perdura por toda uma vida e pode acometer qualquer um, independentemente da classe social ou do nível intelectual. 

Mas por que eu estou falando disso? 

Hoje pela manhã me deparei com o  projeto 1:4 Retratos da Violência Obstétrica da fotógrafa Carla Raiter, que coleta histórias e registra imagens de mulheres que foram vítimas antes, durante ou após o parto. 

Eu sempre evitei falar sobre isso, pois eu nunca aceitei que fui vítima de violência obstétrica. Como eu, jornalista, informada, poderia ter passado por isso? Aí, olhando as fotos da galeria do projeto, me deparo com um relato que poderia facilmente ser o meu:



Eu não queria fazer a cesária no parto da Amelie. Mas tive diabetes. E minha placenta ficou em grau 3 com 31 semanas de gestação. E o médico, "graças a Deus", me disse que eu não poderia entrar em trabalho de parto ou então minha pequena morreria. Tínhamos que marcar o parto o quanto antes!!!!! Durante a cesária ele teve a cara de pau de me falar que ela estava super encaixada e que, talvez, eu entrasse em trabalho de parto já na próxima semana. 

O que ele não me falou era do risco dela ficar na UTI Neonatal - como Amelie ficou, durante 7 dias. E quando eu questionei ele sobre isso ele simplesmente disse: "Ah, eu não te falei do risco? Mas é um risco muito pequeno se comparado ao que ela poderia sofrer caso você entrasse em trabalho de parto."

Na hora eu me senti enganada. Uma idiota. Mas naquele momento minha preocupação era a pequena, que estava longe de mim, cheia de fios, com sonda e em meio à inúmeros barulhos da UTI. 

Demorou mais de um ano para eu começar a perceber que talvez o médico tenha se aproveitado da minha fragilidade momentânea para me "vender" a ideia de maior segurança da cesárea. Mãe de primeira viagem, eu achava de que havia escolhido um bom médico, confiava em todo o conhecimento técnico que ele possuía. Então, por que não acreditar nas informações que ele estava me passando??

Agora, quando fiquei grávida, acabei procurando ele para a primeira consulta. Respirei fundo e falei sobre minha vontade em fazer um parto normal dessa vez. Ele, em toda sua calma, me disse que não tinha mais disponibilidade (você sabe o que é isso, né?) de fazer partos normais. Pegou o calendário e me disse a data do parto - assim eu já podia aprontar tudo com bastante antecedência. Saí do consultório consumida por um ódio mortal. Juro. A ferida invisível voltou a arder e eu jurei que não queria ser tratada daquela maneira. E saí em busca de um novo médico.

Eu realmente acho que eu o encontrei dessa vez. Concorda com meu ponto de vista e, embora eu saiba que minhas possibilidades de ter um parto normal numa gravidez gemelar seja muito mais difícil, ele já me acalmou: se os bebês estiverem bem, entro em trabalho de parto. E só depois, se precisar, seguiremos para a cesárea. 


Embora eu ainda me sinta uma idiota por ter permitido uma violência dessas contra mim e contra minha filha, eu acho que consegui tirar uma lição importante e gostaria de passar para todas as mulheres que passam por aqui e correm o risco de viver tudo isso: questione. Muitas vezes. procure outras pacientes. Fale com o máximo de pessoas que conseguir. Ouça relatos. FALE quando algo te incomodar. E só continue com o médico caso esteja realmente segura com ele - mesmo se sua opção for por uma cesárea eletiva. Porque amigas, uma cicatriz na base da barriga não é nada perto da marca que eu trago no coração.