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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Amelie e o Papai Noel

Sabe, eu me considero uma mulher corajosa. Mas se existe algo que me tira do prumo é encontrar uma barata. Esses seres têm o dom de me deixar apavorada. Eu tremo, suo frio e preciso fazer uma força hercúlea para matar uma dessas bichinhas.

A Amelie também é muito corajosa.  Sobe sozinha em escorregadores altos, anda em muros e nunca demonstrou medo de barata. Mas se existe algo que a tire do prumo é encontrar com o Papai Noel. Ela treme, sua frio e precisa fazer uma força hercúlea para se aproximar do bom velhinho. Ano passado ela só topou dar um oi (sem abraço pra foto, claro) porque viu que ganharia uma bala em troca do ato corajoso. 

Esse ano assistimos juntos o filme "A Origem dos Guardiões" (que, aliás, é um dos filmes mais fofos dos últimos tempos). A figura de um Papai Noel todo tatuado, meio hipster e que não está sempre encapotado deixou minha princesa mais confortável. Logo ela começou a falar que o pavor de Papai Noel havia ido embora. E os pedidos para ver o bom velhinho, dar-lhe um abraço apertado e, claro, ganhar outra bala, começaram a ficar bem mais frequentes. 

Ontem eu tive que ir ao mercado. O que fica mais próximo de casa tem um shopping acoplado e a pequena já sabia que haveria um Papai Noel por lá. Ela fez questão de se arrumar: colocou blusa e sapatilhas novas, a tiara preferida do momento (tem um laço vermelho de minie enooorme) e lá fomos nós duas (os meninos ficaram em casa, com a vó). 

Mas, por mais que eu diga: da próxima vez eu mato essa barata - quando elas aparecem eu travo. E foi o que aconteceu com a pequena. Bastou entrarmos na fila para que ela começasse a tremer e a reclamar do frio na barriga. Me agarrou, começou a chorar e eu dei meia volta. Porém, enquanto colocávamos a compra no carrinho, ela ficou falando que já tinha se acostumado com a ideia de vê-lo e queria voltar pra fila.

Pois bem. Guardei as compras no carro e seguimos rumo à 2ª tentativa do dia. E o pavor, claro, voltou. Mas dessa vez resolvi encarar o chororô e fiz ela enfrentar o medo. Ela ficou no meu colo, chorando e tremendo. E, enquanto eu tentava acalmá-la, fiquei rezando para que o Papai Noel fosse bacana. E foi. Um dos mais bacanas que eu já encontrei.

Ele viu que ela estava apavorada. E, embora a fila estivesse enorme, ele conversou com a Amelie durante longos 5 minutos. Disse que lembrava dela. Elogiou a roupa e a tiara. Perguntou sobre a escola, o que ela gostava de comer, se tinha sido obediente, o que gostaria de ganhar de Natal. E a pequena respondeu à todas as perguntas, com a voz trêmula. Ao final, ele ofereceu uma bala e disse que a amava muuuuito. E, em agradecimento, Amelie deu um abraço forte naquele Papai Noel - que deixou minha filha RADIANTE nas horas que sucederam o encontro. 

Não sei se o pavor dela vai passar. Mas tenho aqui minha desconfiança se o senhor que estava sentado naquela poltrona não era realmente o Papai Noel. Quem disse que ele não traz felicidade?