Páginas

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sobre conselhos de mãe e trabalho

Já faz um tempo que eu quero escrever sobre isso, mas faltava disposição para filosofar sobre o assunto. Mas esse dia chegou. Na verdade, fui estimulada por um post no blog Peripécias de Cecília e Fofices de Clarice, onde a Paloma escreveu sobre sua corajosa decisão em deixar de trabalhar. (Clique aqui para ler!))


Eu pensei em jogar tudo para o alto diversas vezes nesses quase 10 meses em que a Amelie está conosco. Passei noites em claro chorando, pensando que não conseguiria dar conta de ser mãe e seguir com minha carreira de jornalista. Não sei se conseguiria colocar em palavras o quão desgastante é essa tripla jornada. Sim, porque além do trabalho fora, ao chegar em casa é preciso assumir o papel de mãe e dona de casa/esposa. Não posso ficar cansada, doente, indisposta. Eu simplesmente TENHO que fazer. (Aliás, li algo hoje no jornal O Globo muito pertinente. A Martha Medeiros escreveu sobre a vontade de chutar o pau da barraca. Mas o que fazer quando a gente é o pau da barraca?)


Toda vez que eu entro em pleno desespero eu penso na minha mãe. Ela teve três filhos seguidinhos e abriu mão de sua carreira profissional para se dedicar, exclusivamente, à maternidade e aos cuidados da casa. Claro que ela fez um trabalho incrível e nós somos o fruto desse trabalho (que só quem é mãe sabe o quanto é exaustivo). Entretanto, os filhos crescem, as situações mudam e hoje eu vejo que ela abdicou da própria vida por nós. Não tinha final de semana, folga ou viagem que a tirasse desse trabalho. Raras vezes vi minha mãe comprar algo pra ela, ir ao cabelereiro, pensar nela ao invés da família. Minha mãe não tinha um traço de egoísmo sequer.


Depois que nós crescemos, ela decidiu fazer algo por ela foi terminar a faculdade. Entrou em uma das universidades públicas mais conceituadas do país (estudando sozinha, em casa). Foi criticada por ter deixado as tarefas domésticas um pouco de lado para fazer, pela primeira vez em anos, algo para si. Essa demora em fazer algo por ela, no entanto, está custando caro. Depois de formada, não consegue emprego porque é uma pessoa mais velha e tem pouca ou nenhuma experiência de trabalho. E agora, ela precisa do trabalho para se sustentar. Como fica?


Por isso, eu me inclino a ouvir os conselhos da minha velha e amada mãe: nunca dependa dos outros para fazer suas coisas. Tenha sempre independência para, se preciso, sustentar sua filha sozinha.


O Dan (meu velho e amado marido) é uma pessoa espetacular. A gente se ama profundamente e ele me faz acreditar que essa história de almas gêmeas pode ser completamente plausível. Mas quem me garante o dia de amanhã? E, se por acaso, ele resolver ter um ano sabático e largar tudo nessa vida? Como é que eu fico? Como é que a Amelie fica?


Por isso eu acho que, por mais que eu sofra, eu não conseguiria largar meu emprego. E não que eu queira ser o pau da barraca sozinha e ficar me lamentando que só eu faço as coisas (embora de vez eu quando eu realmente faça isso). Eu acho que as responsabilidades devem ser partilhadas, sempre! Sejam elas financeiras ou relacionadas à criação do filho. Se as duas pessoas se comprometem a viver uma história juntos, que compartilhem o peso da barraca!

4 comentários:

  1. Sua escolha é sensata, Zi. Os tempos mudaram e nada é muito garantido. Não é só questão de 'ano sabático', existem inúmeras coisas que podem acontecer que te façam se arrepender de ter se dedicado apenas a uma vida doméstica. E isso é arriscado e pode te deixar em apuros de verdade. Por mais que doa não acompanhar cada segundo da vida da sua pequena, vc está fazendo o melhor para vc e para ela.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Isis Coelha! Compartilho do mesmo pensamento que o seu, principalmente por termos a mesma profissão, esse eterno murro em ponta de faca ao qual nos submetemos por amor. Acho que o momento é de tentar descolar um emprego em que vc tenha mais autonomia de horário (home office, Freela). Infelizmente isso sempre acarreta em perdas e tal, mas é complicado largar a profissão que a gente gosta. Hoje divido jornalismo com o trampo de bancário e a todo momento me vem essa duvida. A gente vai ficando adulto, as responsabilidades vão aparecendo, enfim. Força, Zi que com calma as ideias vão surgindo. abraços!
    Alex

    ResponderExcluir
  3. Amiga...
    Precisa ler isso... obrigada!!!
    bjs

    ResponderExcluir
  4. Amiga...
    Precisava ler isso... obrigada!!!
    bjs

    ResponderExcluir