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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Passado e futuro


Até um tempo atrás, eu não saía de casa sem ao menos passar um corretivo nas minhas eternas olheiras, um blush e rímel. Até um tempo atrás, minhas unhas estavam sempre impecáveis. Até um tempo atrás, eu não sabia o que era ser mãe.

Há quase 8 meses eu incorporei a maternidade em um nível tão profundo, que esses dias parei para pensar no quanto eu tenho me deixado de lado.  Minhas unhas estão com um esmalte vermelho descascado – resquício de uma visita ao salão de beleza há mais ou menos três semanas. Aliás, a visita aconteceu por conta do casamento da minha amiga. Aquele que eu ia e não fui.

Nesta mesma ocasião, cortei o cabelo. O meu pedido foi: quero um cabelo fácil, que eu possa dormir com ele molhado, acordar e ir trabalhar sem parecer uma louca de peruca. E foi isso que ele me deu (apesar de que de vez em quando eu realmente pareço uma louca de peruca). 

Minhas roupas estão completamente esquisitas. Algumas estão grandes, decotadas ou curtas demais. As que me servem estão manchadas de papinha, gordura ou qualquer coisa proveniente de um descuido doméstico. E eu não tenho tempo nem de deixá-las de molho.

Durante o dia eu penso em milhares de coisas: Nas contas a pagar (e principalmente, se o dinheiro vai dar), na comida que tenho de fazer, na papinha da Amelie (será que eu preciso passar de novo no sacolão?), na comida que eu tenho que fazer para mim e para o Dan, na roupa para lavar, na pilha de roupas para passar que só aumenta, na louça que ficou em cima da pia, além de todas as minhas atribuições no trabalho. Enfim, são tantas coisas que eu não consigo pensar em mim. No que eu quero.

Agora eu entendo melhor minha mãe. Consigo perceber o porquê ela se anulou por tantos anos. Eu só tenho um bebê e ela tinha três filhos. Embora ela não trabalhasse fora, as atribuições de uma casa e um bando de crianças são suficientes para que qualquer mulher esqueça quem realmente é. Minha mãe nunca foi vaidosa, raramente fazia coisas para ela. O tempo que tinha, deu inteiramente para gente.

Eu a agradeço muito por isso, pois se não fosse ela, certamente não seria a pessoa que sou hoje. E, por ter enxergado tudo isso é que eu não quero me anular como ela fez. Mas também não sei como ser uma super mulher que consegue dar conta de tudo e todos.

Até um tempo atrás eu achava que tudo nessa vida era relativamente fácil. Até um tempo atrás eu não sabia de todos os desafios que a vida de mãe me reservava...

Um comentário:

  1. É verdade amiga... só somos o que hoje vemos por causa de nossas mães que tanto se anularam por nós...
    E eu tb nã gostaria de me anular tanto... mas as vezes me sinto como uma louca descabelada.... risos...
    bjokas

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