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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Nossa nova rotina


Nos últimos dias eu tenho engolido toda e qualquer informação que eu consiga obter sobre a Alergia à Proteína do Leite de Vaca. A pediatra dos meninos me indicou um site bem bacana e fui acolhida em um grupo de mães APLV no Facebook (a elas, toda minha admiração) que tem me salvado com as dúvidas mais pontuais.  
E aí que, com toda essa pesquisa, descobri que a incidência  dessa é relativamente alta: 6% das crianças possuem APLV. E eu não fazia ideia do impacto que essa condição causa na dinâmica social de uma família. Como? Vem que eu te explico:
A APLV é uma doença de difícil diagnóstico. Os sintomas podem, facilmente, ser confundidos com alguma virose ou até mesmo intolerância – o que explica a confusão que as pessoas fazem entre APLV e intolerância a Lactose. Já aproveito para explicar que são duas coisas diferentes. A IL é causada por uma deficiência enzimática do organismo: o corpo apresenta dificuldade em processar a Lactose (que é o açúcar do leite). A reposição artificial da enzima ou a exclusão da dieta ajudam a diminuir o desconforto digestivo causado por sua ingestão. Já a APLV é uma reação imunológica do corpo. Em bebês, a imaturidade do sistema digestivo faz com que as proteínas do leite sejam absorvidas, do intestino para o sangue, sem que tenham sido digeridas adequadamente, desencadeando uma reação do organismo contra elas. E as reações podem ser gastrointestinais, epiteliais e respiratórias. Nos casos de sensibilização mais sérios, o menor contato com a substância pode levar à anafilaxia com edema de glote – que, caso não seja revertido a tempo, pode levar à morte. O negócio é sério, minha gente.
Por isso, tive de tirar todo e qualquer alimento com leite e derivados da minha dieta. E, como a proteína não é como uma bactéria (ferveu, morreu), tive de eliminar qualquer possibilidade de contaminação da minha cozinha. Ou seja, me desfiz de todos os utensílios de plástico ou silicone e lavei tudo o que havia de vidro e inox com sabão, água quente e desinfetante.

A pequena ainda consome o leitinho dela, mas com algumas restrições: Não pode mais tomar na sala – tem que ser na caminha dela – e, para não correr risco de uma contaminação cruzada na cozinha, montei uma “pia” no tanque da área – com detergente, esponja e escorredores exclusivos.

Além disso, antes de consumir qualquer alimento industrializado, preciso me certificar de que ele não compartilhe o maquinário com outro que contenha leite. Como é que eu sei disso? Preciso ficar ligando para os SACs das empresas. Mais de uma vez, em dias alternados, até ter certeza de que recebi a informação correta.
E isso é uma bosta, porque a indústria não é obrigada a informar sobre a presença de alérgenos nas embalagens (algumas empresas fazem, como a Nestlé).
O controle também se estende aos cosméticos – perfumes, maquiagens, shampoos, sabonetes, fraldas, lencinhos umedecidos etc. Tive de olhar o rótulo de TUDO para me certificar que eles não estejam recebendo a proteína de outras maneiras.
E aí eu volto ao começo do meu texto. A APLV mexeu com toda minha estrutura familiar. Precisamos ficar numa vigilância constante. Não sairei para almoçar ou jantar em um restaurante tão cedo. Visitar parentes significa levar uma mega marmita a tira colo para não correr o risco de ingerir algo que vá prejudicar os pequenos.
Se você achar que estou exagerando, volte à parte grifada, em negrito. Releia quantas vezes for necessário para entender os riscos da APLV. Sempre que eu fico em dúvida, eu penso nisso e prefiro não arriscar.

3 comentários:

  1. Amigaaaaaaa! que barra!
    Eu sei que parece blablabla te dizer isso, mas eu conheço poucas mulheres corajosas como vc. E eu sei que vc vai conseguir de readaptar e dar um 'olé' nessa crise. FÉ. Sempre. Te amo!beijos!

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    1. Oh minha amiga, obrigada. É só na fe que eu tenho conseguido passar cada dia.

      A coisa boa é que eu vou ficar craque na cozinha! Rs
      te amooooo

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  2. Zi, o ser humano ainda não aprendeu que não podemos "mamar na teta da vaca". O leite dela é só para os bezerrinhos, o nosso é só para os nosso filhotes e assim com todos os mamíferos. Muitas vezes é preciso vir seres especiais para nos dizer como devemos nos comportar aqui na Terra. Acho que seu caso é um deles. E, provavelmente, vocês foram escolhidos porque dão conta do recado e ainda vão conseguir passar essa lição adiante. Viva! Leve isso como uma experiência positiva. Obrigada pelas informações e muito amor pra você! beijo

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