Se você espera um texto todo meloso sobre a gestação, sugiro que feche seu navegador agora, antes que se arrependa. Se quer encarar a sinceridade de uma grávida, puxe uma cadeira e sinta-se à vontade.
Não tenho o perfil de romantizar a situação toda. Para mim, a realidade é cruel mesmo: Minha barriga está enorme, não consigo calçar meus sapatos ou cortar as unhas do pé sozinha, tenho olheiras e muitas estrias na barriga, não tenho posição para dormir e/ou sentar, pareço uma pata quando ando, estou com os pés e mãos inchados e já ganhei quase 10 quilos. Mas não é tanto a parte física que me incomoda: o complicado é que essa limitação toda mexe muito com minha cabeça.
Independência para mim sempre foi fundamental. Se eu tiver um desejo e quiser sair às 0h para tomar sorvete, que eu possa fazer isso sozinha, sem depender de ninguém. É um orgulho traiçoeiro porque eu NUNCA dou o braço a torcer. Posso estar atolada de coisas para fazer, mas continuo recusando ajuda. E eu sei que a única prejudicada sou eu, mas gosto dessa liberdade (talvez seja minha parte mais aquariana).
Nos últimos tempos, tenho tido vontade de chorar quando derrubo alguma coisa no chão - porque vou precisar de alguém pra pegar pra mim. Não consigo sentar em qualquer sofá - precisa ser alto, com o acento curto. Caso contrário, não levanto sozinha nem a pau. Em pouquíssimo tempo terei de deixar o carro na garagem e me corta o coração ter de contratar transporte escolar para levar a pequena à escola pela manhã. Essa sensação de que agora eu só sirvo para gestar acaba comigo. ACABA.
Estou trabalhando minha cabeça para aceitar essa condição, que sei que é provisória. Mas confesso que tá difícil, minha gente.
Enfim, para vocês sentirem um gostinho do barrigón, segue uma pequena comparação: A primeira foto foi tirada em 2010, dois dias antes da Amelie nascer, com 37 semanas de gestação. A segunda foi tirada ontem, a 11 semanas de completar o mesmo período gestacional. PEGA ESSA BARRIGA.