De acordo com estudo realizado pelo Ministério da Saúde publicado hoje, a diabetes mata cada vez mais no Brasil. Em 9 anos, a taxa de mortalidade pela doença cresceu 10%. Além disso, dados brasileiros do grupo de estudos do diabetes na gestação revelam uma prevalência de 7,6% de diabetes gestacional nas mulheres brasileiras. Ou seja, mamães, cuidem-se!!!
Esta é uma doença grave e, a maioria das pessoas não dá importância por ela ser silenciosa e apresentar sintomas aparentemente sutis. Eu tive diabetes gestacional e o tratamento foi fundamental para que a Amelie nascesse com saúde. No entanto, mesmo após o parto, continuo com um quadro pré-diabético. Ou seja, se eu não continuar me cuidando, corro um risco enorme de adoecer de vez.
Assim que eu soube que estava com diabetes, procurei uma endocrinologista. E no meu caso, fiquei com uma das melhores que eu conheço. A Alina Ribeiro Coutinho Feitosa é doutora em endocrinologia e metabologia pela USP, Coordenadora do ambulatório de Endocrinopatias na Gestação da Maternidade Prof. José Maria de Magalhães Neto da Bahia, em Salvador, e é Professora assistente da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Ela topou me dar uma entrevista para explicar os males desta doença na gravidez. Espero que as respostas sirvam de apoio às mães que estejam passando pelo problema e elucide todas as dúvidas que vocês possam ter sobre o assunto!
- O que é Diabetes Gestacional?
É qualquer grau de intolerância à glicose (açúcar elevado no sangue), identificado durante a gestação e que desaparece após o parto.
É qualquer grau de intolerância à glicose (açúcar elevado no sangue), identificado durante a gestação e que desaparece após o parto.
- A mulher que apresenta essa doença tem, necessariamente, algum tipo de predisposição?
A maior parte delas, sim. A predisposição está relacionada aos fatores de risco da própria mulher que planeja ter filhos ou já está grávida: idade acima de 25 anos, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, sobrepeso ou obesidade pré-gestacional, excessivo ganho de peso na gestação, diabetes gestacional em gravidez anterior, filhos nascidos com mais de 4kg, além de hábitos não saudáveis como falta de atividade física e alimentação rica em gorduras e carboidratos.
- Em que fase da gravidez ela é identificável?
Em qualquer fase. Em virtude dos hormônios que se elevam na gravidez, a partir da 20ª e principalmente da 24ª semana, a chance é maior de desenvolver diabetes gestacional. Recomenda-se rastrear, ou seja, procurar ativamente todas as mulheres através da avaliação da glicemia em jejum na primeira consulta e confirmação do diabetes por meio do testes da sobrecarga de 75 gramas. A glicemia de jejum acima de 85mg/dl indica necessidade de testes adicionais e avaliação médica.
- Como é o tratamento?
A terapia dietética é parte essencial do tratamento do diabetes na gestação. A alimentação deve ser saudável e balanceada e a dieta, individualizada e modificada conforme a fase de gravidez. Deve-se preferir os alimentos integrais, ricos em fibras, leite e derivados desnatados, legumes, verduras e frutas e as carnes devem ser as magras e os peixes. Evitar os carboidratos refinados e gorduras. O adoçante artificial pode ser utilizado em lugar do açúcar, podendo ser consumido em quantidade moderada os adoçantes que contém sucralose, acessuframe e aspartame. O ganho de peso deve respeitar os limites recomendados pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) que baseia o ganho de peso de acordo como índice de massa corpórea (IMC) pré-gestacional.
A atividade física pode ser mantida ou iniciada na gestação, pois auxilia no controle do peso e das glicemias, além de deixar a gestante mais disposta. Exercícios de leve a moderada intensidade como caminhadas, hidroginástica e ginástica localizada apropriada devem ser estimuladas desde que não haja complicações obstétricas.
A maioria das portadoras de diabetes mellitus gestacional obterá controle glicêmico ideal com tratamento dietético (70 a 80%). As que não obtiverem controle ideal com as mudanças saudáveis do estilo de vida necessitarão de insulina para controle.
- Quais são os riscos para mãe e bebê caso NÃO seja feito tratamento?
Fetais | Mãe com diabetes gestacional |
Malformações | morte |
Morte fetal | Surgimento ou piora da retinopatia |
Hipoglicemia | Surgimento ou piora da nefropatia |
Hiperbilirrubinemia | Doença isquêmica cardíaca |
Síndrome da angústia respiratória | Estados hiperglicêmicos agudos |
Policitemia | Aumento da chance de parto cesariano |
Hipocalcemia | Prematuridade |
Macrossomia | Risco de hipoglicemia |
Crescimento intra-uterino retardado | Doença hipertensiva específica da gestação |
Parto cesário | |
Internação em UTI | |
Trauma ao nascimento | |
Aumento de risco de diabetes no futuro | |
Hipoglicemia |
- É recomendável procurar a ajuda de um endocrinologista?
Sim. O endocrinologista é o médico especialista em problemas metabólicos como o diabetes. Ele poderá identificar, tratar e controlar os desarranjos metabólicos durante a gravidez. É importante haver um trabalho de equipe – endocrinologista, nutricionista e obstetra para a melhor assistência.
É recomendável que mulheres que pretendam engravidar façam uma avaliação endócrina e metabólica para a preparação para este momento tão importante da vida. Esta avaliação é chamada de plano pré-concepcional.
- Como proceder após o parto? A diabetes some de vez?
Após o parto a mamãe deve manter os mesmos cuidados com a alimentação e atividade física que teve durante a gestação. É necessário ingerir cálcio por suplementos ou alimentação e tomar sol em horário saudável para fortalecer os ossos durante a amamentação. Também é importante retornar ao peso pré-gestacional em 6 a 12 semanas e, em caso de permanência de sobrepeso, perder adicionalmente 5 a 7% do peso e conservar a perda para prevenir doenças.
A maioria das gestantes que teve diabetes gestacional terá suas glicemias normalizadas após o parto, principalmente aquelas que foram tratadas com dieta. Entretanto a mulher que desenvolve diabetes gestacional tem maior risco de desenvolver diabetes no futuro. O risco é variável, em torno de 38 a 100% nos primeiros 5 anos, com decaimento lento nos 5 anos seguintes. A chance de recorrência do diabetes gestacional em próxima gravidez é 30 a 84%.
A mamãe e seu médico devem estar alertas a respeito dos riscos de diabetes no futuro. Por isso, deve ser feito o teste de tolerância à glicose oral com 75g com 6 a 12 semanas após o parto, repetindo-o anualmente ou a cada 2 anos.
Mto educativo o post...ameeeeeei!
ResponderExcluirBjsss
Tati
Muito boa matéria, Zi. Super importante o seu alerta, porque muitas mães realmente não dão a devida importância a este assunto. bjo
ResponderExcluirPaloma e Isa